quinta-feira, dezembro 03, 2009

Férias em Barão Geraldo - Campinas

Ipê Roxo na entrada de Barão Geraldo – Campinas
By Manoel José Gonçalves da Silva
http://www.panoramio.com/photo/10752632


Deliciosas recordações tenho das férias de minha infância. Um dos lugares que eu mais gostava de ir era para a casa do tio Anísio, em Barão Geraldo (Campinas). Ele era uma pessoa muito popular naquele vilarejo, sua casa era uma delícia e ele me adorava. O “terreiro” era muito grande e imaginem que havia até um mini zoológico no quintal.


Hoje, deportei-me para aquela época e comecei a me lembrar de tantas coisas que julgava esquecidas. Havia uma onça pintada, cujo olhar parecia me hipnotizar. Eu me sentava em frente a sua jaula e ela me encarava (e eu a ela), parecíamos estar jogando aquele jogo de ver quem aguenta ficar sem piscar por mais tempo. De repente, ela soltava um rugido e eu saia correndo (acho que ela não gostava de perder o jogo... rs). Eu acabava com o estoque de bananas de tanto que ia levar para os macacos (tinha um monte). Minha prima gostava de fazer quadros com borboletas que ela caçava e eu morria de dó das bichinhas.


Lembro-me da irmã de minha tia que fazia muitas coisas gostosas para eu comer...Meu tio (que não era meu tio de verdade, mas compadre de meu avô e padrinho de meu pai), quando queria me impressionar, pegava uma cobra enorme e andava pela casa com ela enrolada no pescoço. Um dia até me convenceu a encostar a ponta do dedo na dita cuja (que pavor me deu!). O mais pitoresco de tudo é que ele criou um urubu desde filhotinho e esse pássaro afeiçoou-se a ele de tal forma, que o seguia pela cidade inteira, voando sobre sua cabeça, mesmo quando ele estava dirigindo, até que um dia, misteriosamente, apareceu morto. Titio sofreu muito e ninguém nunca soube quem foi o responsável pela morte do bichinho.


Eu tinha dois primos muito arteiros. Um era bem maior que eu e chupava o dedo. Porém, de quem eu gostava mesmo era do caçula, pouco mais velho do que eu (o Nenê). Lembro-me dele tantas vezes correndo de meu tio para não apanhar, pelas traquinagens que fazia. E foi por causa dele que resolvi escrever este texto hoje.


Desse pessoal todo, somente Nenê e minha prima Ceci estão vivos, mas somente com ele ainda mantenho contato. A gente quase não se vê, mas nos falamos quase sempre pelo telefone. Nenê sofreu uma cirurgia tempos atrás e passou muito mal; foi um grande susto. Ele ainda mora em Campinas mas deve fazer uns quinza anos que não nos vemos. Já há alguns dias tento ligar para ele, mas ninguém atende o telefone de sua casa e o celular não existe mais. Já estava começando a ficar preocupada, porém hoje, numa última tentativa, ao ligar o número de sua casa, ele atendeu. Após lhe dar um monte de bronca ainda tive coragem de lhe dizer: “Pô, meu, pensei que você tivesse morrido...” Bem, ele prometeu que semana que vem virá com minha prima para São Paulo e me farão uma visita. Estou muito feliz com essa perspectiva de vê-los novamente.

Ah! Hoje descobri quem matou o urubu (mas é segredo...rs)



Sueli Benko


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